Review | All in Abyss: Judge the Fake

4 horas atrás • Nintendo Boy • Via CoelhoNews.com: Seu agregador de notícias Nintendo
Desenvolvedoras: ACQUIRE, WSS Playground
Publicadora: Alliance Arts
Gênero: “RPG de Poker”
Data de lançamento: 9 de abril de 2025
Preço: R$ 49,99
Formato: Digital

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Alliance Arts

Revisão: Manuela Feitosa

Desenvolvido em uma parceria entre a ACQUIRE, WSS Playground e Alliance Arts, All in Abyss: Judge the Fake é descrito como um “RPG de poker”, tendo também elementos de aventura textual. Essa mistura exótica me chamou a atenção desde o início quando o jogo foi anunciado, já que adoro todos os gêneros envolvidos e amo propostas esquisitas de gameplay. Felizmente, tive a oportunidade de jogá-lo e ver que a experiência é tão viciante quanto promete.

Quebrando as garras das bruxas

All in Abyss conta a história de Asuha Senahara, uma garota acostumada a apostar que acaba sendo derrotada em um jogo de poker contra uma bruxa trapaceira. Diante dessa situação, ela decide se vingar, vencendo todas as bruxas que comandam uma grande cidade.

A trama é relativamente simples e formulaica: em cada capítulo, descobrimos quem será o nosso alvo da vez e precisamos entender melhor qual é o seu poder. Asuha irá enfrentar a oponente, ser derrotada por ela e partir então para a coleta de informações para poder obter itens que possam ser usados para impedir as trapaças.

Uma vez que os truques sejam eliminados, Asuha poderá usar suas próprias habilidades para disputar e vencer. Embora a estrutura acabe basicamente forçando um “inimigo da semana” de forma um tanto artificial, cada personagem tem uma história pessoal interessante e a progressão de Asuha pelas disputas é instigante.

Visualmente, o design das personagens é também bem expressivo e repleto de detalhes que ajudam a reforçar suas identidades e deixá-las bem expressivas. A segunda bruxa, Yuragi, é um ótimo exemplo disso, carregando uma boneca quebrada em seus braços.

Cada bruxa tem suas próprias condições de origem e motivações pessoais e esses detalhes também vêm à tona durante a investigação. Ao final, por conta da estrutura desse mundo, as personagens sofrem uma “punição” da organização em que fazem parte. No fundo, elas nada mais são do que uma forma fetichista de mostrar crueldade com elas, algumas não sendo nem mesmo tematicamente interessantes, mas são opcionais, não sendo necessário abrir as cenas para avançar a trama.

Estratégia e sorte

As disputas em All in Abyss envolvem jogar poker contra os personagens seguindo o formato “Texas Hold’Em”. Nessa estrutura, cada jogador recebe duas cartas e a mesa conta com opções “comunitárias” para fechar uma mão de cinco cartas. Ganha quem tiver o melhor combo ao final, geralmente composto, a grosso modo, por uma combinação mais rara de cartas por conta de seu ranque (o valor) e/ou naipe.

Entre cada momento em que cartas serão reveladas na mesa, os jogadores podem escolher entre Fold (“desistir da rodada”), Raise (“aumentar a aposta”), Call (“aceitar o aumento da aposta e colocar as fichas equivalentes também”) e Check (“seguir para a próxima parte da rodada sem alterar valores”). Desistir leva à perda de créditos, mas, em alguns momentos, pode ser a melhor opção, já que ser derrotado no confronto direto consumirá ainda mais créditos, especialmente se o adversário tiver uma mão muito poderosa. Chegar a 0 créditos implica perder a disputa.

Tradicionalmente, um jogo dessa natureza envolve majoritariamente sorte, embora seja possível também avaliar as expressões faciais do adversário e ter um pouco de intuição com base em uma avaliação das opções na mesa. Com inspiração no estilo RPG, All in Abyss adiciona habilidades para fazer com que o jogador possa montar estratégias específicas e moldar um pouco as partidas.

A cada partida que vencemos, podemos receber alguns pontos de habilidade e usá-los para desbloquear novas opções. Quanto maior a dificuldade (com o oponente tendo muito mais créditos para gastar do que o jogador), mais pontos recebemos. Porém, não é possível habilitar todas as habilidades que ganhamos, sendo necessário alocá-las dentro de um limite específico, que aumentamos ao conseguir pergaminhos especiais.

Por conta da restrição, é fundamental construir sua própria estratégia e ter em mente as melhores opções. Por exemplo, há técnicas que aumentam o dano de combinações específicas de cartas e combiná-las pode ser útil. Também é possível forçar o oponente a desistir ou tirar essa opção caso o jogador tenha confiança de que irá vencer.

De todas as opções, Sharp Eye é praticamente essencial, pois ela é uma forma de ler o adversário e descobrir o que ele tem em mãos. Porém, o jogo não mostra a mão do adversário, o que temos são dicas. Podemos descobrir se as cartas são mais ou menos poderosas em comparação à sua mão, se elas estão em sequência ou são um “pocket pair” (a vantagem de já ter um par desde o início), se há pelo menos uma com mesmo ranque das que estão na mesa, etc.

Prestando atenção às pistas e à mesa, o jogador pode ter uma noção muito segura das condições de jogo para escolher se é hora de arriscar ou de ser mais cauteloso. Essa estrutura de controle e avaliação lógica ajuda a deixar a experiência mais satisfatória para quem gosta de ter um pouco mais de certezas sobre seus investimentos, mas chega a ser até irônico, considerando o quanto a narrativa enaltece a sorte em detrimento à razão e critica as trapaças das adversárias.

Nem tudo são flores

Infelizmente, apesar de no geral considerar o jogo muito bem executado em sua proposta, há alguns pontos que preciso comentar negativamente. Primeiramente, vale destacar que no Switch a performance pode oscilar, com momentos de engasgos de animação e de pequenas cenas que demoram a sequer começar por conta do loading.

Outro ponto que merece destaque é que o quarto de Mina tem algo que parece ser um abajur bizarro em cima da cama, mas cuja estrutura de cabos não faz sentido, muito provavelmente em decorrência do uso de IA generativa na produção. As desenvolvedoras chegaram a comentar que isso foi usado para alguns ambientes, embora não tenha sido feito para a cidade especificamente. Confesso que não vi nenhum outro caso que me chamou atenção e achei tudo “passável”, mas talvez alguém com um olhar mais atento perceba outros erros estranhos e se incomode.

Ao passar de um capítulo para o outro da história, os menus disponíveis na cidade mudam totalmente, removendo as opções que o jogador tinha para ganhar dinheiro, participar de disputas informais, comprar e vender itens, entre outras coisas. Essa perda de referência tem geralmente uma lógica narrativa, mas pode ser um grande incômodo.

Nesse sentido, também temos chefões com trechos que seguem scripts específicos, não deixando o jogador de fato ter controle sobre as apostas. Além disso, muitas vezes eles incluem múltiplas vidas e limitadores de aposta, fazendo com que o jogador evite uma situação de “tudo-ou-nada” que é inerente à proposta do poker e tenha que lidar com um conflito mais delongado.

Em termos do texto em inglês, vale destacar que a leitura é bem agradável e os pesonagens abusam de expressões populares jovens e gírias. Não há grandes defeitos nesse sentido e é fácil ignorar os pequenos problemas, como erros de digitação e erros do log que fazem com que palavras de nomes grandes de alguns NPCs se misturem com o texto.

O abismo do vício em cartinhas

All in Abyss: Judge the Fake é uma combinação excêntrica de jogo de apostas com RPG, criando um formato viciante de avaliação de possibilidades e uso de habilidades especiais. Trata-se de uma proposta única o suficiente para valer a exploração.

Pros:

  • A forma como as apostas funcionam envolvendo lógica para ler as possibilidades e sorte é bastante viciante;
  • Sistema de habilidades rico em opções estratégicas para escolher e combinar;
  • Personagens carismáticas e uma história instigante;
  • Texto em inglês faz bom uso de expressões populares joviais.

Contras:

  • A progressão entre capítulos leva à perda de dinheiro e de métodos de jogar presentes no anterior;
  • Há loadings demorados e quedas de performance muito notáveis;
  • O uso de trechos “scriptados”, limitadores e múltiplas vidas nos chefes acaba deixando algumas partidas muito enroladas e indo contra o princípio de apostas.

Nota

8

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